26/08/2025– MAV – Mulheres na História: O Lado Feminino Não Contado.
Julia Margaret Cameron: A Mulher que Transformou a Fotografia em Arte
Este mês, no Mulheres na História, vamos conhecer a trajetória de Julia Margaret Cameron (1815 – 1879 E.C.), uma das pioneiras na arte fotográfica do século XIX.
Nascida em 1815, em Calcutá (Índia), Julia era filha de um oficial escocês da Companhia das Índias Orientais e de uma mulher de origem francesa. Foi educada na França até os 19 anos, mudando-se depois para a Inglaterra. Em 1838, casou-se com Charles Hay Cameron, com quem teve seis filhos. O casal vivia em uma ampla residência em Isle of Wight, que anos mais tarde se tornaria cenário de um dos capítulos mais importantes da história da fotografia.
A paixão de Julia pela fotografia começou de forma inesperada. Em 1863, já com 48 anos, recebeu de presente de sua filha uma câmera de madeira — um gesto que visava ajudá-la a lidar com a solidão causada pelas longas ausências do marido. O que parecia ser apenas um passatempo transformou-se rapidamente em vocação. Julia adaptou cômodos de sua casa para servir de estúdio e laboratório, mergulhando com intensidade em experimentações artísticas.
Naquela época, a fotografia tinha função essencialmente documental: registrar rostos e famílias com nitidez e precisão, exigindo que os modelos permanecessem imóveis por longos períodos. Julia, no entanto, rompeu com essa rigidez. Suas imagens eram deliberadamente desfocadas, simbólicas e poéticas. Ao invés de buscar a reprodução fiel da realidade, ela criava cenários, vestia seus modelos e os deixava mover-se livremente, capturando momentos de naturalidade e emoção.
Ficou conhecida também por recriar cenas de grandes obras literárias, especialmente de seus autores favoritos, como Shakespeare. Entre seus retratos célebres estão personalidades como Charles Darwin, Alfred Lord Tennyson, Thomas Carlyle e Sir John Herschel. Julia foi igualmente inovadora ao registrar a beleza feminina em imagens marcantes, como nos retratos da atriz Ellen Terry e de sua sobrinha Julia Jackson — mãe da escritora Virginia Woolf.
Cameron foi pioneira no uso de técnicas que valorizavam a expressividade: o flou (que suavizava os contornos), os primeiros planos e a iluminação intensa. Também produziu composições de estúdio e ilustrações para livros, distintas de seus retratos pela complexidade das poses e pelo tom sentimental.
Embora criticada em sua época por fugir às convenções e produzir imagens “imperfeitas”, hoje Julia Margaret Cameron é reconhecida como uma das mais importantes fotógrafas de retrato do século XIX. Seu trabalho foi fundamental para consolidar a fotografia como uma forma legítima de arte.
Suas mais de 1.200 obras estão espalhadas por museus e coleções ao redor do mundo, incluindo o renomado Victoria & Albert Museum. De pioneira contestada a artista consagrada, Julia deixou como legado não apenas imagens, mas uma nova forma de enxergar a fotografia — não como registro da realidade, mas como expressão de poesia e humanidade.
Até a próxima História!
Referências:
- https://www.britannica.com/biography/Julia-Margaret-Cameron
- https://www.biografiasyvidas.com/biografia/c/cameron_julia.htm
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Julia_Margaret_Cameron
- https://oscarenfotos.com/2013/09/21/julia-margaret-cameron-fotografa-visionaria
