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Artigo MAV: A importância da Diversidade

    11/03/2025– Estamos vivendo um momento crucial da nossa história. Nos últimos anos, temos ouvido discursos polarizados e promotores do ódio, que dicotomiza nossa humanidade em dois grupos: “Eles” e “Nós”. Além da divisão, esses discursos impõem uma estrutura maniqueista, onde “nós” somos os bons, os detentores da verdade, enquanto “eles” são os maus. São exatamente esses discursos que fomentam e justificam guerras e decisões extremas. Não foi esse o discurso utilizado por Hitler ao começar a liderar o partido alemão? Com a estratégia de dividir para conquistar, ele construiu um mundo inimaginável, onde o assassinato de mais de seis milhões de pessoas de uma etnia foi justificado pelo discurso do ódio.

    Não precisamos nos limitar à Segunda Guerra Mundial para encontrar exemplos. Nos últimos vinte anos, discursos semelhantes foram utilizados na Venezuela, na Rússia, na Coreia do Norte e por muitos políticos em diferentes países, incluindo o Brasil. Parece que o discurso da divisão é também uma ferramenta de conquista, garantindo votos, eleições e, consequentemente, o poder. Já sabemos do que o discurso de ódio no poder é capaz. As guerras religiosas são outro exemplo. O que é irônico, pois, independentemente das crenças envolvidas, ambas reconhecem a existência de uma força superior. Talvez discordem sobre o nome ou a forma dessa entidade, mas compartilham a mesma fé em algo maior.

    Mas por que esses discursos ganham força e aceitação? 

    Nossa reflexão aponta três fatores principais. Primeiro, nossa tendência natural de nos aproximarmos do que nos é semelhante. O familiar é mais fácil de lidar, enquanto o diferente exige esforço e vontade para conhecer e compreender. Esse fenômeno pode ser chamado de Cegueira da Afinidade. Em segundo lugar, a falta de informação. O desconhecimento nos impede de entender, aceitar e, em última instância, respeitar o outro. Por fim, o próprio ódio, que faz parte das emoções humanas, mas que raramente é ensinado a ser gerenciado. Em tempos de crise, é mais fácil projetar nossas frustrações em um culpado externo do que assumir nossa responsabilidade.

    O que realmente significa Diversidade? 

    A Diversidade representa a presença de uma ampla variedade de características, opiniões, culturas, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades, crenças, ideias e experiências em um determinado grupo ou ambiente.

    O primeiro ponto fundamental sobre a Diversidade é compreender que a existência do outro não significa a nossa aniquilação. Vamos a um exemplo: o direito dos casais homoafetivos de se casarem, formarem famílias e adotarem crianças não altera ou reduz os direitos dos casais heterossexuais. Não se trata de um jogo de soma zero, mas de uma expansão de direitos. Os pedidos da comunidade LGBT+ não visam excluir ou retirar direitos de outros grupos, mas garantir que mais pessoas compartilhem dos mesmos direitos. Portanto, não há um discurso de “Eles contra Nós”. O discurso da Diversidade e Inclusão é sobre adição e ampliação, nunca sobre exclusão ou ódio.

    Na América Latina, existem mais de 133 milhões de pessoas negras. No Brasil, mais da metade da população tem descendência africana ou é fruto da mistura entre brancos e negros. No entanto, apenas 20% dessas pessoas concluem o ensino básico e apenas 22% dos negros ocupam cargos de liderança. A população LGBT+ na região ultrapassa 33 milhões de pessoas, mas em onze países seus direitos ainda não são assegurados. Além disso, metade da população da América Latina e do Brasil é composta por mulheres, mas apenas 28% dos cargos de liderança são ocupados por elas. As mulheres continuam sendo as principais cuidadoras de idosos, pessoas doentes e crianças. Esses números mostram que ainda temos muito trabalho a fazer para alcançar igualdade e equidade.

    Por que devemos continuar promovendo a Diversidade e a Inclusão? 

    Estudos demonstram que a Diversidade não só é essencial para a existência e evolução da humanidade, mas também é um fator-chave para a inovação e a sobrevivência dos negócios. Empresas compostas por pessoas de perfis homogêneos tendem a gerar ideias dentro de um mesmo espectro, limitando seu alcance de mercado e sua capacidade de criação de novos produtos e serviços.

    Exemplos reais reforçam essa tese. A Kodak, líder de mercado na década de 1990, perdeu a oportunidade de lançar a primeira câmera digital porque estava fechada a novas ideias. Empresas alimentícias que produziam apenas salgadinhos e biscoitos recheados precisaram diversificar para atender ao mercado de consumidores focados em saúde. Fabricantes de xampus que só produziam para cabelos lisos perceberam que ignoravam metade do mercado ao desconsiderar cabelos crespos e afro.

    Além do impacto econômico, a Diversidade influencia a vida de cada indivíduo. Cada pessoa é única, com histórias, ideias e desejos próprios. Todos queremos ser respeitados e reconhecidos pelo que somos. O discurso contrário à Diversidade tenta encaixar indivíduos em padrões preestabelecidos, enquanto a verdadeira Inclusão busca criar espaços onde cada um possa se sentir valorizado. Empresas que promovem esse ambiente ganham vantagem competitiva, atraindo ideias inovadoras e formando equipes mais motivadas, produtivas e leais.

    Promover a Diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas também de sustentabilidade econômica e avanço humano.

    Referências: 

    • IBGE
    • Gartner 
    • Dane.gov.co
    • Deloitte
    • UNESCO
    • ONU
    • World Economic Forum
    • Forbes
    • Banco Mundial

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