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Artigo MAV: Gerações Z e Y

    10/06/2025Gerações Z e Y: o futuro da força de trabalho e o impacto nas organizações

    Até 2030, a Geração Z e a Geração Y (também conhecida como millennials) devem representar 74% da força de trabalho global. Diante desse cenário, é essencial compreender as prioridades, expectativas e preocupações dessas gerações para que organizações, líderes e instituições possam adaptar suas estratégias de forma mais eficaz.

    A 14ª edição da pesquisa Gen Z e Millennials, realizada pela Deloitte em 2024 com mais de 22 mil participantes em 44 países, revelou que essas gerações buscam uma combinação entre remuneração justa, propósito e bem-estar. Ao mesmo tempo, demonstram um forte desejo de se preparar continuamente para as demandas e transformações do mercado de trabalho.

    Entre os dados mais relevantes, destaca-se o crescimento do otimismo em relação à situação econômica, tanto individual quanto de seus países — um sentimento que se mostra diretamente ligado ao contexto político local.

    Outro ponto crítico para empresas e lideranças é o desejo por um trabalho com propósito: 86% da Geração Z e 89% da Geração Y afirmam que encontrar significado no que fazem é fundamental. Além disso, mais de 75% consideram que o comprometimento com a comunidade e o impacto social da empresa são fatores decisivos na hora de escolher onde trabalhar.

    Essa busca por sentido no trabalho remete ao conceito de Ikigai — tema que já exploramos em artigos anteriores —, a ideia japonesa de encontrar motivação e propósito em algo maior que si mesmo. Organizações que conseguem alinhar seus objetivos com os valores pessoais de seus colaboradores saem na frente na atração e retenção de talentos. Isso é ainda mais relevante considerando a crescente desconfiança das novas gerações sobre o impacto real que as empresas afirmam gerar em suas comunidades.

    Qualidade de vida, saúde mental e flexibilidade também se tornaram prioridades inegociáveis. A pesquisa da Deloitte mostrou que 40% da Geração Z e 35% da Geração Y se sentem sob altos níveis de estresse. A percepção de saúde mental permanece baixa, com apenas 51% dos entrevistados da Geração Z e 56% da Geração Y classificando sua saúde mental de forma positiva.

    Relatórios como o da Ipsos apontam que a Geração Z, por crescer hiperconectada às redes sociais, enfrenta maiores índices de solidão, isolamento e relações online, o que contribui diretamente para o aumento do estresse e do desgaste emocional que poderia explicar um maior indicador nesta população comparada com a geração y.

    No ambiente corporativo, essas gerações buscam empresas que estimulem seu potencial por meio de oportunidades de crescimento, planos de carreira bem definidos e desenvolvimento constante. Salários competitivos e modelos de trabalho flexíveis não são apenas diferenciais, mas pré-requisitos para atrair e engajar esses profissionais.

    Uma diferença notável entre as gerações é a valorização da flexibilidade. Enquanto a Geração Y prioriza o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a Geração Z exige, além do equilíbrio, flexibilidade real de jornada e modelos de trabalho que respeitem sua autonomia e estilo de vida.

    Em relação às questões de gênero, embora as pesquisas ainda considerem majoritariamente o modelo binário, há importantes insights. Mulheres das duas gerações se mostram mais engajadas em temas relacionados à equidade: cerca de 60% acreditam que ainda não atingimos o potencial ideal da igualdade de gênero, contra apenas 40% dos homens. Além disso, a Geração Y demonstra maior sensibilidade e engajamento com essas pautas do que a Geração Z, que apesar de mais jovem, ainda enfrenta desafios no que diz respeito à consolidação desses valores no ambiente profissional.

    À medida que as gerações Z e Y assumem um papel central na força de trabalho global, torna-se evidente que elas trazem consigo não apenas novas competências, mas também novos valores, expectativas e formas de se relacionar com o trabalho. Mais do que estabilidade e remuneração, essas gerações buscam propósito, bem-estar, crescimento contínuo e um ambiente que respeite sua individualidade.

    Para as organizações, adaptar-se a esse novo cenário não é apenas uma estratégia de retenção de talentos — é uma condição para sua sustentabilidade futura. Repensar estruturas rígidas, investir em cultura organizacional inclusiva, promover saúde mental e oferecer flexibilidade são passos fundamentais para criar espaços de trabalho mais humanos, relevantes e atrativos.

    Entender essas gerações é entender o futuro do trabalho. E, mais do que isso, é uma oportunidade para construir ambientes mais conscientes, diversos e alinhados com os desafios sociais e econômicos do nosso tempo.

     

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