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Artigo MAV: Saúde Mental e o papel das organizações

    22/10/2024– No mês de outubro, é celebrado mundialmente o Dia da Saúde Mental (10/10). O principal objetivo desta data é chamar a atenção de governos, instituições de saúde, profissionais e organizações para a importância desse tema. Estudos globais indicam que as perdas econômicas decorrentes da incapacidade causada por problemas de saúde mental chegam a USD 1 trilhão por ano.

    Quando uma pessoa enfrenta uma incapacidade para exercer atividades econômicas devido a questões de saúde mental, o impacto vai além de suas relações interpessoais, familiares e da própria relação consigo mesma. Essa condição também compromete sua capacidade de gerar recursos para a própria sobrevivência, gerando consequências econômicas tanto para o indivíduo quanto para sua família, especialmente quando se trata de um adulto.

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, desde 2019, os problemas de saúde mental vêm aumentando de forma constante, com uma piora significativa após a pandemia. Os transtornos mais comuns incluem ansiedade, depressão e síndrome de burnout. Em 2022, a OMS conduziu o maior estudo global já realizado sobre saúde mental.

    Os resultados indicam que os transtornos mentais são a principal causa de afastamento das atividades regulares. O suicídio, um tema crucial, afeta mais frequentemente jovens do que pessoas mais velhas, sendo que 14% dos jovens no mundo convivem com algum tipo de transtorno mental. Além disso, pessoas com transtornos mentais vivem, em média, de 10 a 20 anos menos do que aquelas sem problemas de saúde mental.

    Entre as principais causas de transtornos mentais estão fatores como violência, abuso e condições externas, como viver em um ambiente de guerra. Em países com menos recursos, o cuidado à saúde mental é prejudicado, e as pessoas com esses transtornos têm menos acesso a tratamentos, tornando-se mais vulneráveis em comparação com aquelas que vivem em países mais desenvolvidos, onde o acesso ao tratamento é melhor.

    Um relatório do governo brasileiro, divulgado em 2022, revela que, em 2019, cerca de 10% da população adulta do Brasil havia recebido diagnóstico de depressão. A prevalência desse transtorno é significativamente maior entre as mulheres, sendo 2,8 vezes mais frequente do que entre os homens. Os dados também mostram um aumento no número de jovens que cometem suicídio no Brasil. Além disso, os atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados à saúde mental aumentaram nos últimos quatro anos, e a prescrição de antidepressivos subiu 37% em 2023 em comparação com o ano anterior.

    Por que esses números são importantes? Porque os indivíduos são a soma de vários aspectos de suas vidas. Ninguém é apenas um colaborador(a) em uma empresa; cada pessoa é também parte de uma família, de um ecossistema social, e possui um corpo físico que pode apresentar problemas, dores, lesões e transtornos mentais. Se uma pessoa não está em sua melhor condição, ela terá dificuldades em produzir, trabalhar, se conectar ou colaborar de forma eficaz com a organização. Ainda há um estigma significativo em relação à discussão de questões de saúde mental no ambiente de trabalho. Segundo o relatório “Deloitte 2024 – Mulheres no Ambiente de Trabalho”, apenas um terço das mulheres se sente à vontade para falar sobre saúde mental no trabalho ou com seus líderes, e apenas 32% acreditam que receberam o apoio adequado de suas organizações.

    O que as organizações e os(as) líderes podem fazer a respeito?

    • Romper a barreira do preconceito: Tanto as organizações quanto os(as) líderes podem criar espaços seguros onde os(as) colaboradores(as) se sintam confortáveis para falar sobre questões de saúde mental.
    • Promover ambientes de trabalho saudáveis: É essencial compreender como os(as) colaboradores(as) se sentem na organização, identificar áreas de melhoria e fomentar um clima de colaboração. Além disso, é necessário erradicar comportamentos abusivos, discriminatórios ou excludentes, criando um ambiente de trabalho seguro e acolhedor para todos(as).
    • Contar com profissionais especializados em saúde mental: Garantir que a área de medicina do trabalho tenha profissionais capacitados para identificar problemas relacionados à saúde mental e encaminhar os(as) colaboradores(as) a especialistas quando necessário.
    • Prevenção e construção de redes de apoio: Organizar palestras, debates e encontros com especialistas em saúde mental para discutir diagnóstico e prevenção. Muitas vezes, as pessoas afetadas não percebem que estão lidando com um transtorno mental, ou, quando recebem o diagnóstico, já estão em um estágio avançado da doença, com diversas áreas de sua vida afetadas.

    Criar um ambiente de trabalho inclusivo que valorize as fortalezas dos(as) colaboradores(as) é um excelente ponto de partida. Ambientes onde todos(as) possam ser autênticos(as), se sintam seguros(as) e tenham espaço para conversas abertas sobre temas como a saúde mental não apenas promovem um melhor clima organizacional, mas também têm um impacto direto nos resultados da empresa.

    Referências:

     

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