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Artigo MAV: Saúde Social

    10/04/2025– Em artigos anteriores aqui na MAV, já conversamos sobre a importância da Saúde Mental e o cuidado com colaboradores e colaboradoras dentro das organizações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde de cada indivíduo está estruturada em três dimensões: física, mental e social. Por isso, escolhemos trazer neste artigo de abril o conceito da Saúde Social, uma dimensão essencial, mas ainda pouco explorada nas discussões sobre bem-estar.

    Comecemos pela definição: com base nas diferentes fontes consultadas em nossa pesquisa, a Saúde Social é compreendida como o conjunto de fatores e condições sociais que impactam diretamente a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. Ela está relacionada à capacidade de estabelecer e manter relações sociais significativas — afinal, o ser humano é um ser essencialmente social, moldado para viver em grupo. Cada conexão que construímos contribui para criar um ambiente de satisfação, pertencimento e apoio mútuo.

    A Saúde Social pode ser analisada sob duas dimensões principais: a individual e a coletiva.

    • Dimensão individual: diz respeito à capacidade de cada pessoa de se conectar, criar e manter vínculos sociais que proporcionem bem-estar. Essa necessidade varia de indivíduo para indivíduo e está relacionada ao grau de integração social, à rede de apoio emocional e à possibilidade de troca afetiva com o entorno.
    • Dimensão coletiva: está relacionada à habilidade de uma sociedade ou comunidade de distribuir seus recursos de forma justa e equitativa, promovendo igualdade de oportunidades no acesso a bens, serviços e direitos. Uma sociedade que valoriza a coesão social, a inclusão e o cuidado mútuo contribui diretamente para o fortalecimento da saúde de seus membros.

    Sabemos que a saúde das pessoas não depende apenas de fatores biológicos e físicos, mas também — e fortemente — de determinantes sociais. Esses determinantes influenciam de maneira significativa o estado geral de saúde de uma população e podem inclusive impactar diretamente a expectativa de vida. Entre eles, destacam-se: renda e proteção social, educação, trabalho e condições laborais, segurança alimentar, moradia e serviços básicos, desenvolvimento infantil, inclusão social e combate à discriminação, acesso à saúde pública, vínculos afetivos e redes de apoio.

    Esses elementos se conectam diretamente com os níveis da Pirâmide de Maslow (1943). Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas — como alimentação, descanso e sobrevivência. Logo acima, aparecem as necessidades de segurança: moradia, estabilidade, saúde e trabalho. No terceiro nível, encontramos as necessidades sociais ou de pertencimento, diretamente relacionadas ao conceito de Saúde Social. Em versões mais recentes da pirâmide, já se considera uma estrutura com sete camadas, sendo as três primeiras: saúde física, saúde mental e saúde social — demonstrando o quanto esses pilares são interdependentes.

    Ao compreendermos a Saúde Social como um componente vital do bem-estar humano, abrimos espaço para reflexões mais profundas sobre como organizações, comunidades e políticas públicas podem contribuir para relações mais saudáveis, inclusivas e sustentáveis.

    Em um artigo anterior aqui na MAV, falamos sobre o Ikigai, termo japonês que representa o propósito, a razão de viver de uma pessoa. Durante nossa pesquisa sobre esse conceito, encontramos as chamadas Zonas Azuis — cinco regiões do mundo onde as pessoas vivem significativamente mais e com melhor qualidade de vida do que em outras partes do planeta.

    Uma das principais descobertas dos estudiosos que investigaram essas regiões foi o papel central da vida comunitária e da conexão social. Nesses locais, o senso de pertencimento, a convivência harmoniosa e o apoio mútuo são parte essencial do cotidiano. O sentimento de propósito e realização pessoal está diretamente ligado à vida em comunidade. Podemos dizer, portanto, que nessas zonas as pessoas vivem com equilíbrio entre saúde física, mental e social — e é justamente essa integração que contribui para o bem-estar duradouro.

    O bem-estar, por sua vez, pode ser entendido como a presença de fatores positivos (como vínculos afetivos, segurança, autonomia) em maior proporção do que os fatores negativos (como estresse, isolamento, medo).

    A Saúde Social depende, em parte, de cada indivíduo — da sua habilidade de se conectar, de construir relações de confiança, de exercer a empatia e o cuidado com o outro. Mas ela também está intimamente ligada ao contexto em que vivemos: ao papel das políticas públicas, à criação de espaços seguros de convivência e à qualidade dos serviços que promovem saúde, cultura e inclusão.

    Nesse cenário, as organizações têm um papel fundamental. O desafio é refletir sobre como elas podem contribuir para fomentar a Saúde Social de suas equipes e criar ambientes de trabalho mais humanos, conectados e saudáveis.

    Deixamos aqui algumas possibilidades práticas para que instituições privadas comecem a abrir espaço para esse diálogo:

    • Rodas de conversa para promover escuta ativa e troca entre colaboradores;
    • Grupos de afinidade que celebrem a diversidade e criem senso de pertencimento;
    • Sessões de conexão entre equipes que vão além dos temas operacionais;
    • Conversas honestas, com foco em confiança e segurança psicológica;
    • Espaços para falar sobre saúde mental, bem como cuidados com a saúde integral (e não apenas física).

    Construir uma cultura organizacional que valorize a saúde social é investir no que há de mais essencial: o ser humano em sua totalidade.

    Referências:

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