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Dica de Leitura – Viola Davis

    14/01/2025– Viola Davis é uma atriz e produtora norte-americana consagrada, conhecida por sua habilidade de dar vida a personagens complexos e por sua voz poderosa em questões sociais. Nascida em 1965, na Carolina do Sul, Viola encontrou sua paixão pela arte ainda jovem e, após estudar na prestigiada Juilliard School, iniciou sua carreira no teatro.

    Ao longo de sua trajetória, foi conquistando espaço na indústria cinematográfica, primeiro com papéis secundários e, posteriormente, como protagonista em filmes aclamados, como A Dúvida, Histórias Cruzadas, Viúvas, A Mulher Rei e Barreiras. Entretanto, foi na televisão, na série How to Get Away with Murder — criada pela produtora Shonda Rhimes — que ela alcançou reconhecimento mundial, interpretando Annalise Keating, uma advogada brilhante e professora de Direito. O papel, além de icônico, marcou uma conquista significativa para a representatividade de mulheres negras na mídia.

    Em 2011, Viola e seu marido, Julius Tennon, fundaram sua própria produtora, com o objetivo de amplificar vozes historicamente silenciadas, especialmente as da comunidade afrodescendente. Juntos, eles também formaram uma família, adotando uma filha.

    Com uma carreira marcada por excelência, Viola é uma das poucas artistas a conquistar os principais prêmios de atuação do mundo: Oscar, Emmy, Tony, BAFTA e Globo de Ouro. Recentemente, recebeu também um Grammy por narrar sua própria autobiografia em formato de audiolivro, Em Busca de Mim.

    Em Busca de Mim

    No livro, Viola compartilha memórias de sua infância marcada pela pobreza extrema, pela falta de recursos básicos e pela constante luta por sobrevivência. Apesar do tom fluido e cativante, a obra carrega um impacto profundo no leitor. Para mulheres latino-americanas, torna-se fácil se identificar com algumas das experiências de Viola, mesmo que nem sempre compreendamos completamente o que significa enfrentar condições tão adversas.

    A narrativa da atriz é, antes de tudo, um exemplo de interseccionalidade. Viola nos lembra que, embora ela tenha conseguido superar as barreiras impostas pela pobreza e pelo racismo, isso não apaga os traumas deixados pelo caminho. Sua história é uma prova de que o sistema em que vivemos pune pessoas como ela, não apenas impondo dificuldades, mas também criando uma narrativa perigosa: as poucas que “escapam” são usadas como exemplos de meritocracia, enquanto muitas outras permanecem presas às engrenagens que as fazem falhar repetidamente.

    Isso nos leva a uma pergunta crucial: por que o sistema precisa ser tão cruel? Por que ele exige tanto de algumas pessoas enquanto outras navegam com facilidade?

    Reflexão para o Brasil:

    No Brasil, ouvimos frequentemente que “o racismo já não existe”. Mas os números contam outra história: somos o país com a maior população de negros e pardos da América Latina, mas também onde mais se matam pessoas negras. Jogadores de futebol ainda são chamados de “macacos” por sua cor, e o racismo estrutural continua a impedir que muitas pessoas negras tenham acesso às mesmas oportunidades que outras.

    A realidade de Viola Davis nos inspira a refletir sobre o impacto do racismo, não apenas nos Estados Unidos, mas também no Brasil e em outras partes do mundo. Sua história é um convite para questionarmos as estruturas que perpetuam a desigualdade e buscarmos formas de construir um sistema mais justo, onde todas as pessoas tenham a chance de prosperar, independentemente de sua cor ou origem.

    Viola Davis não é apenas uma atriz de talento incomparável. Ela é um símbolo de resistência, superação e transformação. E, mais do que isso, uma voz que ecoa por todos nós.

    Disfrutem esta leitura!

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