
20/05/2025– MAV – Mulheres na História: O Lado Feminino Não Contado.
Alexandra Kollontai (1872-1952 E.C.) foi uma revolucionária russa, feminista marxista e uma das figuras mais influentes da história do movimento socialista e dos direitos das mulheres. Nascida em São Petersburgo, na Rússia, em uma família aristocrática, Kollontai rompeu com seus privilégios para se engajar nas lutas operárias e políticas daquele tempo.
Inspirada pelas condições precárias dos trabalhadores russos e pelo marxismo, passou a atuar no movimento operário no final do século XIX. Em 1898, uniu-se ao Partido Operário Social-Democrata Russo. Foi uma das poucas mulheres com posição de liderança no governo bolchevique após a Revolução de Outubro de 1917. Tornou-se a primeira mulher na história moderna a ocupar um cargo de ministra, como Comissária do Povo para o Bem-Estar Social e provavelmente uma das primeiras mulheres diplomatas.
Kollontai foi uma das fundadoras do Zhenotdel, o Departamento de Mulheres do Partido Comunista, que promovia educação, direitos reprodutivos, creches públicas, e reformas no casamento e na família. Ela acreditava que a libertação das mulheres só seria plena com a transformação das relações pessoais e afetivas. Defendia o fim da dependência econômica no casamento e a ideia de “amor comunista”, baseado na igualdade e liberdade. Ela atuou dentro do partido comunista para criar a maior parte da legislação em defesa da igualdade de direitos das mulheres.
Graças ao trabalho de Alexandra Kollontai a Rússia se tornou um dos primeiros países do mundo a reconhecer os direitos das mulheres. Com a Revolução de 1917, elas conquistaram importantes avanços, como o direito ao voto, ao divórcio, à legalização do aborto, à igualdade jurídica garantida pela Constituição Soviética, à licença maternidade remunerada e ao acesso a creches e lavanderias coletivas — medidas que permitiram sua inserção no mercado de trabalho e na política. No entanto, muitos desses direitos foram restringidos ou revogados durante o governo de Stalin, sendo retomados apenas após a queda da União Soviética, em 1991.
Viveu em diversos países europeus — como Alemanha, Suíça e França —, inicialmente devido ao exílio que lhe foi imposto antes da Revolução de 1917. Mais tarde, continuaria vivendo no exterior como diplomata. Durante esses períodos fora da Rússia, teve contato com importantes figuras do socialismo internacional, como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.
Kollontai escreveu amplamente sobre a opressão das mulheres e o papel do amor e da família na sociedade capitalista. Entre suas principais obras estão: A Nova Moral Sexual e a Classe Trabalhadora, A Mulher e o Socialismo (também publicada como A Mulher Trabalhadora e a Revolução), Autobiografia de uma Mulher Comunista Sexual e O Comunismo e a Família.
Com a ascensão de Stalin ao poder, foi gradualmente afastada da vida política interna e enviada como diplomata à Noruega, ao México e à Suécia, onde permaneceu até se aposentar oficialmente em 1945. De volta a Moscou, faleceu em 1952. Mesmo aposentada, atuou como conselheira em assuntos exteriores quase até o fim de sua vida.
Alexandra Kollontai é considerada uma pioneira do feminismo socialista. Suas ideias sobre amor, sexualidade, maternidade e trabalho continuam influentes e debatidas até hoje nos campos do feminismo, marxismo e história política.
Até a próxima História!
Referências: