
21/01/2025– Nesta nova série MAV – Mulheres na História: O Lado Feminino Não Contado, prepare-se para descobrir as histórias de mulheres de diferentes partes do mundo e suas contribuições marcantes para a nossa História.
Egito 350/370 – 415 (E.C.)
Hipátia é considerada uma das primeiras mulheres a se destacar no mundo das ciências. Embora o ano exato de seu nascimento seja incerto, estudiosos estimam que tenha ocorrido entre 350 e 370 da Era Comum (EC), na cidade de Alexandria, no Egito. Naquele período, Alexandria já era um renomado centro cultural, graças à sua grandiosa biblioteca e à diversidade de estudos ali promovidos. Era também um espaço de encontros entre diferentes pensadores, além de palco para tensões religiosas crescentes.
O pai de Hipátia, Teón, era um filósofo e astrônomo que teve um papel central na sua educação. Sob sua orientação, ela se destacou em matemática e astronomia, corrigindo e aprimorando os estudos de seu pai. Suas contribuições foram notáveis, abrangendo áreas como geometria e teoria numérica. Hipátia também foi inventora e desenvolveu instrumentos científicos, como o astrolábio plano, que ajudava a calcular os movimentos e posições das estrelas.
Embora as obras de Hipátia não tenham sobrevivido ao tempo, seu legado chegou até nós por meio de autores posteriores, que lhe atribuem influência significativa em estudos de matemática e ciência. As informações que temos sobre ela são provenientes, em grande parte, de escritos de homens que foram seus alunos, discípulos ou contemporâneos.
Hipátia era seguidora da filosofia platônica e uma professora brilhante, tendo formado muitas das figuras políticas e intelectuais mais importantes de sua época. No entanto, aspectos de sua vida permanecem envoltos em mistério, como sua linha materna, seu suposto matrimônio com outro filósofo, e as circunstâncias exatas de sua morte. Há relatos de que ela morreu virgem, mas é possível que isso seja uma idealização de sua figura, comum em tempos de forte tensão religiosa. Outra hipótese é que Hipátia tenha escolhido dedicar sua vida exclusivamente à ciência, rejeitando os papéis tradicionais atribuídos às mulheres.
Hipátia foi brutalmente assassinada em 415 EC por um grupo de cristãos, supostamente incitados pelo arcebispo Cirilo de Alexandria. Na época, havia uma forte disputa política entre o prefeito da cidade e a liderança da Igreja, e Hipátia foi acusada de apoiar o prefeito. Apesar disso, não há evidências de que ela estivesse envolvida em disputas religiosas ou políticas. Sua morte pode ser interpretada como um reflexo da intolerância de sua época – uma cientista, professora e filósofa, numa sociedade que acreditava que tais espaços deveriam ser ocupados exclusivamente por homens.
Infelizmente, sua trágica morte prenunciou a perseguição de muitas outras mulheres ao longo da história, acusadas de crimes infundados simplesmente por serem independentes, possuírem terras ou desafiarem as normas sociais.
Outro aspecto intrigante da história de Hipátia é sua representação ao longo dos séculos. Muitos artistas a retrataram como uma mulher branca, o que parece improvável, dado seu contexto geográfico e histórico. Isso reflete o fenômeno de “branqueamento” de figuras históricas, para que se ajustassem aos padrões eurocêntricos de identificação.
Apesar das lacunas e controvérsias, Hipátia é uma figura histórica que merece ser lembrada e celebrada. Sua coragem e contribuições para a ciência e a matemática marcaram uma época turbulenta, quando o papel das mulheres era amplamente negligenciado.
Esperamos que você tenha gostado da história de Hipátia, a primeira Mulher de Alto Voo escolhida para a nossa série Mulheres na História.
Até a próxima História!
Referências:
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia
- https://www.lifeder.com/hipatia-de-alejandria/
- https://historia.nationalgeographic.com.es/a/filosofa-martir-hipatia-alejandria_18640
- Women in Science: 50 feraless pioneers who changed the world – Rachel Ignotofsky (2016)

Retrato de Hipátia. Detalhe do afresco A Escola de Atenas, de Rafael, 1512. Vaticano. Foto: Wikimedia Commons

Hipátia é arrastada para uma igreja para ser apedrejada. Gravura publicada em Le Voleur Illustré, 7 de dezembro de 1865. Foto: Wikimedia Commons
